Meditação, Saúde, Plenitude e Vida

Teus ombros suportam o mundo e ele não pesa mais que a mão de uma criança.

Carlos Drummond de Andrade

Na Liga da Meditação e Saúde da Faculdade de Medicina da USP de 2018, que tive a oportunidade de participar esta semana, revivi conceitos muito essenciais e viscerais:

  • A importância da meditação principalmente para os profissionais da saúde;
  • O estresse como impulso para a vida e a importância de reconsiderá-lo – e não extingui-lo – e a necessidade de buscarmos a homeostase (equilíbrio) das nossas funções corporais;
  • A meditação como possibilidade de termos uma visão una (e não dual, como estamos acostumados) e a ressignificação do sentido da vida.

Vou comentar um pouco a seguir sobre cada um deles.

 

A importância da meditação para os profissionais da saúde

Lidar com a nossa impotência nos ajuda a compreender a dor alheia.

 

Ao trabalharmos com saúde mental temos que lidar com sofrimento e dor, vida e morte, angústias e ausência de respostas diariamente. Diante disso, a frustração da nossa impotência em não conseguir curar ou mesmo ajudar a todos, pouco ensinada nos bancos universitários, irá nos acompanhar e fazer parte da nossa história.

A meditação enquanto estado de consciência – porque meditação não é técnica -, ajuda-nos a focar e a nos determos mais na continuidade do processo do que no objeto em si, que é secundário. Isso é a própria essência da vida.

 

O estresse como impulso para a vida e a busca do equilíbrio

Entre o estímulo recebido e a ação executava mora uma vida.

 

É preciso reconsiderar o estresse. Não vê-lo como um vilão a ser derrotado. Assim, não temos que renunciar à ambiguidade dos nossos sistemas orgânicos (anular as ações do sistema nervoso simpático e ficar apenas com o as do parassimpático, por exemplo), mas fazer o esforço vital de trazê-los à normalidade, ao equilíbrio.

    A meditação nos auxilia a tomar consciência dos estímulos que estão chegando ao cérebro e a ter controle seletivo sobre eles, ao mesmo tempo em que aumenta nossa observação aos processos internos. Com isso, deixamos de ser tão reativos, aumentamos nossa resiliência (tempo de recuperação diante de situações estressantes) e passamos à autonomia das nossas escolhas, verificando o que é adequado para nós a cada momento.

    Além disso, pessoas que praticam meditação há muitos anos em momentos de estresse conseguem manter o cérebro oxigenado, então o oxigênio não é retirado das demais áreas do corpo, o corpo mantém seu funcionamento e não vive a insuficiência de oxigenação e fadiga. Aprendemos a preservar a mente e o corpo.

     

    A meditação como possibilidade de ressignificação do sentido da vida

    O corpo segue a mente e a mente segue a respiração.

     

    Nas palavras da Monja Coen: a meditação nos proporciona o autoconhecimento, fazendo com que nos conheçamos verdadeiramente. Tal intimidade nos permite uma integralidade e uma clareza de compreensão de tal modo que não somos mais intimidados por ninguém.

    Vida e morte. Paradoxos? Depende do ponto de vista. Vida e morte podem ser compreendidos como as faces de uma mesma moeda e portanto uma tríade, e não uma díade. O sentido da vida é poder suportar isso. Se assim compreendermos a vida e a morte, assim compreenderemos as questões existenciais: mais profundidade, menos superficialidade.

    Assim, modificar a própria vida é uma atividade inerente à meditação. Entre o genético e ambiental que nos constituem, ainda nos resta reconhecer os 5% de livre-arbítrio. Cada um de nós deve esforçar-se para despertar, viver a vida com plenitude e não “para conquistar algo”. Não devemos nos contentar com migalhas, devemos querer, procurar e propocionar o banquete: viver com sabedoria.

     

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    Cristina Monteiro – Psicóloga, Psicopedagoga, Coach, Palestrante, Psicanalista. Atende na Clínica com Psicoterapia (enfoque psicanalítico) e Coaching em Resiliência (controle do estresse). Ministra palestras e treinamentos comportamentais em nome da sua empresa (Ponto de Palestras e Treinamentos). Escreve semanalmente neste blog. Acompanhe.

    Contate-me: contato@cristinamonteiro.com.br

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