Mundo do trabalho: como lidar?

“Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.” Clarice Lispector

edificio

Segundo Freud, a escolha do trabalho aparece na fase adulta com alguma função singular em nossa vida: seja para reparar algo significativo que ficou pendente e almejamos resolver, seja para nos apropriarmos de um grande desejo nosso (ou de nossos pais) de realização e expansão social. Essa visão é bem romântica, mas não deixa de ser real. No entanto, a questão que cala é: por que há tanta insatisfação no trabalho?

A vida profissional e o trabalho ocupam este papel grandioso de autorrealização, compensação, no entanto, quando isso não acontece tendemos a nos culpabilizar e entrar num redemoinho de questionamentos e lamentações ou até mesmo do excesso de tolerância. E aí entra a grande questão: o que conta não é o fato, mas a percepção que temos dele. Vivemos de verdadeiras distorções de realidade e nem nos damos conta disso. Afinal: “As pessoas reagem de maneira diferente às mesmas circunstâncias. O que conta é a avaliação subjetiva que cada indivíduo faz da sua situação, não sendo possível determinar com base exclusivamente na situação o estresse que pode provocar” (GOMES, p.52).

 

Sentido do trabalho é particular e multifacetado

tangenciar

Apesar de o trabalho ter como principal função em nossas vidas a garantia do nosso sustento, ele abrange questões inconscientes que, obviamente, não temos acesso. Muitas vezes, miramos conscientemente em nosso desejo, mas, na realidade cotidiana, seguimos de modo a quase tangenciá-lo… E passamos ao largo! O não atingimento de um desejo mostra que, de fato, não queríamos realizá-lo. Então aparecem os sintomas: fortalece em nós o nosso lado que não quer contribuir para aquele trabalho se concretizar, a insatisfação emerge e tendemos a adoecer ou a fazer outros adoecerem.

Além disso, é preciso olhar para a questão objetiva que o mundo do trabalho traz: como é pago um profissional daquela área, daquele cargo, daquela classe. O status está muito atrelado à imagem que queremos passar à sociedade e que devemos à nossa estrutura familiar, mas também é contaminado pela influência da mídia e dos amigos. E há aqueles que não conseguem escolher: e se não escolhem, alguém escolhe por eles.

Como lidar com isso?

Temos que nos responsabilizar por nossas escolhas, ao nos tornarmos mais conscientes de nossos valores e crenças. Dentro da nossa escala de valores, há aqueles que são centrais e nos constituem e há aqueles que podemos flexibilizar.

Por meio do autoconhecimento, podemos reconhecer os valores centrais e estabelecê-los como nosso “pilar de sustentação”: tanto aquilo que queremos muito, como os que não aceitamos. Os demais irão compor a nossa pirâmide subjetiva e estarão ali para se entrosarem e comporem com os valores de outras pessoas e instituições.

Além disso, é preciso se apropriar dos sentimentos e sensações, acolher nossos medos e dúvidas, legitimar o nosso desejo, olhar para a realidade e, a partir daí, começar a fazer algo para mudar, permitir-se vivenciar e experimentar.

 

Coaching em Resiliência e Orientação Profissional

montanha

Por meio dos processos de coaching em resiliência e orientação profissional que realizo, busco identificar e respeitar os valores das pessoas, curar feridas internas e impulsioná-las na direção de seus reais desejos. Estar em comum acordo com nossos desejos e flexibilizar os demais parâmetros faz-nos sentir úteis e caminhar com firmeza, além de manter o ambiente de trabalho saudável e propício ao desenvolvimento sistêmico do trabalho.

Escalar a montanha é sustentar o seu edifício interno.

 

Referência

GOMES, A. Tô Perdido! Mudança e gestão de carreira. 1 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark Editora, 2014.

 

Grande abraço,

 

Cristina Monteiro – Psicóloga, Psicopedagoga, Orientadora Profissional e de Carreira e Coach. Escritora (crônicas literárias, artigos acadêmicos e profissionais). Atende na Clínica com Psicoterapia (enfoque psicanalítico) e Coaching em Resiliência (vida e carreira), ministra palestras e treinamentos comportamentais em nome de sua empresa (Ponto de Palestras e Treinamentos). Escreve semanalmente neste blog. Acompanhe.

Contato: crifmonteiro@gmail.com

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *