“Procurando Dory”: Resiliência Mar Adentro

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O que a história de Dory tem a ver com a nossa

O filme “Procurando Dory”, da Pixar, é uma típica história de resiliência. A frágil Dory (“especial”) se encontrava em situação de stress (perdida da família no meio do oceano) e teve que acionar recursos internos e externos para superar os obstáculos e fazer vitoriosa a sua jornada.

Ao assistir ao filme, pude reconhecer os modelos de crença determinantes (MCDs)*, ou seja, nossas principais referências nos auxiliam a ter resiliência e equilíbrio em situações limítrofes. Compartilho a seguir, porque contar histórias (storytelling) nos remete à nossa história.

 

Empatia

Para mim, a frase de alerta foi a que se repetiu diversas vezes ao longo do filme: “Pense: O que a Dory faria?”

Temos aqui o conceito de Empatia (colocar-se no lugar do outro para melhor compreendê-lo). Dory estava rodeada de pessoas que tinham empatia com ela, formando uma rede de apoio que a ajudou a ser resiliente.

 

Fragilidades de Dory e seu empenho

Ao se encontrar em perigo, pôde sentir no corpo o drama de estar perdida: sua Leitura Corporal passou de passiva** à intolerante**, ao usar seus recursos corporais para pedir ajuda: falar baleiês e falar incessantemente de modo a mobilizar os demais peixes e criaturas do oceano para ajudá-la.

Dory não exercia um bom Autocontrole emocional: pendia para a passividade devido à sua deficiência neurológica (Perda de Memória Recente), mal podendo controlar o que pensava, sentia e fazia. O controle era canalizado: solicitar ajuda aos demais.

Devido à sua impulsividade e limitação de memória, Dory tinha sérios problemas em termos de Análise de Contexto. Isso significa que era difícil a ela correlacionar elementos do ambiente para tomar atitudes, ficando à mercê da ajuda alheia e de esparsas lembranças.

 

Redes de apoio e proteção

Apesar de suas limitações, Dory nutria uma forte autoconfiança devido à criação que teve, de muito amor pelos seus pais e alguns amigos. Assim, mesmo sendo rejeitada inúmeras vezes devido ao seu déficit, ela fazia questão de explicar que esta sua limitação, ao mesmo tempo em que mostrava-se disposta a lutar e a acreditar em quem pudesse ajudá-la.

Apresentava dificuldade em conquistar novos amigos, mas os que tinha conquistado na infância conseguiu manter (Conquistar e Manter Pessoas), e eles foram um apoio importante para que ela vencesse em seu desafio na vida adulta.

Dory nutria um intenso Otimismo para a Vida. Tal modelo de crença encontrava-se no extremo da intolerância, ou seja, ela investia toda a sua energia em acreditar na possibilidade de que tudo iria dar certo no final e se arriscava bastante para isso.

No filme, a variável Sentido de Vida passou a ser reencontrar a família e também se passou ao extremo da intolerância: era preciso realizá-lo acima de qualquer outra ação.

 

E então, como Dory conseguiu ser resiliente?

Como numa gangorra, Dory ocupava inicialmente o extremo oposto da escala de resiliência: a passividade. Mas, no momento de forte stress, pôde sair do lugar de vítima que seus pais lhe colocaram (devido à sua fragilidade) e passou à postura de intolerância (colocar-se inteiramente na situação, apesar das evidências apresentadas).

Ao fazer esse movimento, libertou-se de crenças arraigadas negativas e enfrentou com coragem os obstáculos. Esse movimento é bastante comum quando ocupamos um dos estremos da “gangorra da resiliência”.

Assim, mesmo não apresentando o equilíbrio resiliente, às vezes é necessário fazer diferente (e até o oposto) para nos vermos diferente e para que os outros também nos vejam diferente. É nessa descontinuidade que a vida pode continuar e existir verdadeiramente.

 

*Resgatando os oito modelos de crença determinantes (MCDs) definidos por George Barbosa (SOBRARE): Autocontrole, Autoconfiança, Sentido da Vida, Otimismo para a Vida, Empatia, Análise de Contexto, Conquistar e Manter Pessoas e Leitura Corporal.

**Passiva (passividade) e intolerante (intolerância) – extremos da escala de resiliência. O primeiro trata de pouco investimento de energia frente a situações de stress, enquanto o segundo é o oposto (um excessivo investimento de energia em situações de stress).

 

Grande abraço,

Cristina Monteiro – Psicóloga, Psicopedagoga, Orientadora Profissional e de Carreira e Coach. Escritora (crônicas literárias, artigos acadêmicos e profissionais). Atende na Clínica com Psicoterapia (enfoque psicanalítico) e Coaching em Resiliência (vida e carreira), ministra palestras e treinamentos comportamentais em nome de sua empresa (Ponto de Palestras e Treinamentos). Escreve duas vezes por semana neste blog (segundas e quintas-feiras). Acompanhe.

Contato: crifmonteiro@gmail.com

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