Como você cria sentido para a vida?

Análise do filme “A partida”

A morte é uma porta, não significa um fim.

Este filme nos revela a beleza da vida em toda a sua magnitude. Seja nas palavras, nas emoções, nas paisagens ou mesmo na melodia, somos tocados profundamente pela sutileza das cenas, bem como pela música, que traz o encantamento da vida, dos diversos tons do sofrimento ao significado maior.

Contempla a valorização da vida, da morte, do cuidar, da família, do desapego, da aceitação… Leva-nos a fluir em nossas emoções ao nos fazer refletir sobre questões referentes ao destino e à responsabilidade que temos por nossas escolhas. A importância da humildade, do desapego dos sentimentos e atitudes mundanos, do recolhimento, do bem ao próximo, da ressignificação de quem somos.

Convida-nos a saborear a sacralidade do ritual, da celebração, da tolerância religiosa, das demais tolerâncias contempladas no encerramento das “dívidas” nos relacionamentos que contraímos ao longo da vida. E junto a esse movimento, a abertura para o processo de reconhecimento das nossas limitações diante de um olhar de não-julgamento que evidencia e potencializa nossa natureza divina.

Mostra-nos que o caminho da espiritualidade é muitas vezes solitário, mas que em alguns momentos estaremos acompanhados de um companheirismo legítimo, nutrido pelo respeito e admiração. No momento em que a esposa abandona o marido Daigo (Masahiro Motoki), personagem principal, devido ao fato de não gostar de seu trabalho, mantém-no seguindo em frente mesmo com a dor da perda, e o seu retorno grávida denota que o bem mais precioso se manteve no relacionamento: o amor.

A gratidão, a elegância e a precisão nas atitudes de mentoria (relação com o chefe no trabalho) também aparecem no voo dos pássaros, revelando-nos a importância de reconhecermo-nos parte desse universo sincrônico e ordenado, bem como conectados à nossa missão. Aqui, a ideia de “pertencimento” ao grupo também aparece na reflexão do sentido de nos alinharmos – voo dos pássaros.

Deleitamo-nos nas cenas em que Daigo toca o violino em meio à natureza em seu reconhecimento de total conexão com o todo. No início do filme, ele queria pertencer à orquestra, mas esta se desfez. Aí seu caminho foi buscar um trabalho, onde ele pôde pertencer a um outro grupo que deu um sentido maior à sua vida.

Por fim, destaco o simbolismo das pedras como ciclo, conexão entre as gerações, junto ao desapego da raiva e do rancor substituído pela gratidão. O que denota a importância da atitude de entrega, do caminhar com fé, apesar de nossas crenças insistirem em nos guiar para outra direção.

 

Vamos juntos,

 

Cristina Monteiro – Psicóloga (PUC-SP), psicopedagoga (Instituto Sedes Sapientiae), psicanalista e instrutora de Mindfulness Baseado em Terapia Cognitiva (Mindfulness Based-on Cognitive Therapy – protocolo MBCT), em formação, pelo Mente Aberta (UNIFESP) em parceria com o Oxford Mindfulness Centre. Cursando especialização em Teorias e Técnicas em Cuidados Integrativos na UNIFESP. Palestrante e proprietária da empresa “Ponto de Diálogo e Reflexões”. Realiza atendimento com psicoterapia (Psicanálise) e com grupos (Programas de Mindfulness/Atenção Plena).

contato@cristinamonteiro.com.br

Instagram: cristinamonteiro_psicologa

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