Como acessar nossa sabedoria?

Reconhecendo e se libertando do modo “piloto automático”

Normalmente não temos consciência das leis que regem a interpretação dos sinais sensoriais, como percebemos tais sinais ou mesmo a lógica das nossas aprendizagens, decisões e atos. Tais “rotinas” ou automatismos adquiridos não temos consciência.

Nesse processo você se encontra distante das próprias emoções e da consciência do que está sentindo, já que está envolvido em análises, críticas e julgamentos. E, então, ao dar-se conta disso, você leva esses questionamentos para si mesmo, aumentando a autocrítica: “O que há de errado comigo?” “Não acredito que estou nessa confusão de novo”. O problema se mantém, e o que está em jogo é não ter uma conexão clara e direta consigo mesmo.

De acordo com Tenzin Riponche, nesse momento de questionamentos ou dúvida, é importante reconhecer como a dúvida o torna vago e indireto quando tenta se comunicar com alguém. “Ela, na verdade, obscurece a condição energética subjacente. Nesse caso, a orientação é que você não se permita continuar indefinidamente.

 

Trazendo a consciência para o corpo

Aqui é imprescindível voltar a atenção para o interior, para conectar-se com a verdadeira natureza da mente. Ao trazer a consciência para a experiência no corpo, você deixa de seguir os pensamentos, vivencia o desconforto e utiliza a prática para se libertar. Neste momento, “a abertura que você pode experimentar como resultado é o que chamamos de fonte – neste caso, a fonte do antídoto para a sua dúvida.”

Ao transferir a atenção da história que você está contando a si mesmo sobre o que está acontecendo para a experiência interior que você está vivendo, a partir de prestar atenção em seu corpo, reconhecendo o desconforto e a agitação diretamente, estar em contato direto com a dor de uma maneira acolhedora trará uma mudança positiva.

Embora não seja quem você fundamentalmente é, identificar-se com a sua história e com a sua reação a ela torna-se um hábito. E esta experiência limitada de nós mesmos torna-se uma identidade, um lugar familiar no qual ficamos presos e passamos tempo demais das nossas vidas.

O importante aqui é não dar continuidade a este “diálogo interno”. Conecte-se diretamente com o que ele denomina “vento da dúvida”. Apenas quando você cessa de seguir o fio da história – não importa quão convincente ela pareça – que você consegue de fato se conectar diretamente com sentimentos e sensações  do seu corpo, ao campo de energia da sua respiração e à própria mente em movimento, em vez de se conectar com determinados pensamentos.

Costumamos compreender nossa mente por uma via conceitual, mas a sua natureza é acessada pela consciência direta (não conceitual), a partir das experiências de corpo, fala e mente. Tal estado envolve tanto a sutileza e a claridade, quanto a turbulência e a confusão mentais.

A mente conceitual se ocupa de pensamentos sobre coisas e de criação de histórias com palavras e imagens, que geram explicações ou preocupações. Diante desse cenário, o mais importante é estar ciente de que se está pensando, deslocar o foco de atenção do conteúdo para o corpo.

O treino em meditação implica em aprendermos a nos conectar à presença desperta e permanecermos no espaço de pura consciência e, então, as emoções perturbadoras podem se dissolver no mesmo instante em que surgem, sem gerar sofrimento. Nesse momento, vivenciamos a clareza da mente, livrando-nos de emoções dolorosas, ruminações e frustrações.

Focando a mente e exercitando o corpo e a respiração de forma específicas, podemos liberar os padrões habituais da mente conceitual e transformamos nossa confusão em sabedoria, acessamos diretamente o ser, descobrindo abertura e reconhecendo aí as oportunidades de crescimento que nos eram inacessíveis.

 


Referência:

 

RIPONCHE, T. W. Despertando o Corpo Sagrado. Trad. Elaine Ferreira Batista. São Paulo: Devir, 2013.

 

Sigam-me,

 

Cristina Monteiro – Psicóloga (PUC-SP), psicopedagoga (Instituto Sedes Sapientiae), psicanalista e instrutora de Mindfulness Baseado em Terapia Cognitiva (Mindfulness Based-on Cognitive Therapy – protocolo MBCT), em formação, pelo Mente Aberta (UNIFESP) em parceria com o Oxford Mindfulness Centre. Cursando especialização em Teorias e Técnicas em Cuidados Integrativos na UNIFESP. Palestrante e proprietária da empresa “Ponto de Diálogo e Reflexões”. Realiza atendimento com psicoterapia (Psicanálise) e com grupos (Programas de Mindfulness/Atenção Plena).

Contatem-me: contato@cristinamonteiro.com.br

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