Por que “resiliência” é um tema tão significativo para mim?
A origem deste interesse despertou-me desde a faculdade de Psicologia, estudando os sobreviventes dos campos de concentração nazistas. Por que algumas pessoas lidam bem com situações traumáticas enquanto outras sucumbem e se arrastam pela vida?
Hoje percebi que não apenas eu tive esse primeiro contato com a resiliência nesses moldes. Diane Coutu, jornalista na Harward Business Review, editora e ghostwriter, tem como princípio de vida e trabalho ajudar pessoas bem-sucedidas a influenciar as demais. Ela também comenta que sua sensibilização pelo tema teve início com as vítimas do Holocausto e destaca a visão de Maurice Vanderpol (ex-presidente do Boston Instituto e Sociedade Psicanalítica) em relação a elas. Ele os define como apresentando uma espécie de “escudo de plástico” formado de vários fatores, incluindo um sentido de humor (nem que fosse um humor negro, mas assim mesmo fornecia um senso crítico repleto de perspectivas). Outras características fundamentais que os ajudaram incluíam a capacidade de formar ligações com os outros e a posse de um espaço psicológico interior que protegia os sobreviventes das intrusões abusivas alheias.
Coutu, em sua visão do assunto, resumiu que pessoas resilientes possuem as seguintes características:
- Aceitação incondicional da realidade;
- Uma crença profunda, muitas vezes sustentada por valores fortemente arraigados, que a vida é significativa;
- E uma incrível capacidade de improvisar.
E concluo, ao meu modo:
Ter resiliência é um estado manifestado numa ação. Não é um título ou característica de personalidade. Não é apenas resistir à afronta. É criar um espaço entre mim e a realidade: aceitar o que nos aparece e ter clareza, sem nos deixar levar pelas agruras mentais que nos cegam em momentos de stress. É dar um passo para trás e olhar em perspectiva, flexibilizar a emoção e trazer o humor na ação. Reconsiderar as possibilidades. Trocar o aprendido pelo escolhido, o certo pelo incerto e superar-se a cada instante. Enfim, resiliência é vida.
CrisM.
