“La La Land” sob a ótica da co-construção de carreira

 

lalaland

O filme “La La Land” nos encanta com a volatilidade dos cenários, com a leveza das cores e a beleza da dança e música. O enredo da história é bastante simples, mas trata da relação de realização que o trabalho pode nos trazer quando conseguimos correr atrás de nossos sonhos. O trabalho aqui ocupa o tema central na vida dos personagens principais, sendo o grande sentido de suas vidas e um dos principais fatores de mudança e autorrealização.

No entanto, o momento que irei abordar aqui é o da transformação de Mia, a partir do incentivo de Sebastian e uma nova postura que ela adota frente à vida. Apesar de ter sido um apoio mútuo, focalizar-me-ei na trajetória de Mia. Mia após desanimar muito com sua performance, com a ajuda do parceiro, decide continuar a seguir, sem pestanejar. Em uma entrevista na qual deve narrar uma história pessoal, ela faz um resgate e reconstrói a narrativa de sua história e, com isso, reorganiza-se e consegue vencer barreiras internas e externas e se fortalecer profissionalmente.

 

Reelaboração de narrativas

“We’ve all created our own personal histories, market by highs and lows, that we share with the world – and we can shape them to live with more meaning and purpose.”

(SMITH, 2017)

 

Traduzindo acima: todos nós criamos nossas próprias histórias pessoais, marcado por altos e baixos, que compartilhamos com o mundo – e podemos moldá-las para viver com mais significado e propósito.

A Orientação Profissional funciona num amplo espectro e se desenvolve a partir da reelaboração de narrativas, que pode ser compreendido a partir da seguinte menção ao tema:

“O processo de narração e de contação de histórias, sobretudo as pessoais, fornecem um material bastante rico e denso para cliente e orientador trabalharem conjuntamente na busca de significados e escolhas do cliente. Conforme salientam Bauer e Jovchelovitch (1999) e Jovchelovitch (2002), a narrativa relata a experiência vivida, permite acessar o que é vivenciado, que vem repleto de emoções e crenças, constituindo, portanto, uma grande riqueza de dados para compreender e esclarecer crenças, emoções e motivações.” (ARAÚJO, 2013).

 

Como isto se dá no “La La Land”

No filme “La La Land”, esse processo não é realizado por um orientador profissional, ele é vivenciado na prática, pela possibilidade que Mia teve de elaborar sua narrativa costurada pelo enredo da história que narra aos entrevistadores. No entanto, isso teve um efeito semelhante: de resgate da própria história e de fortalecimento interno.

mia

É importante que deixemos de lado sensações e pensamentos que nos levem a pensar em algo que deu errado ou que poderia ter sido feito ou que eu não tenho, mas deveria ter. Esse relato é frequente nas narrativas de vida e carreia.

Reconstruir narrativas é poder, acima de tudo, aceitar o passado e as condições atuais e reescrever sua história numa página em branco, não no sentido de desconsiderar o que já foi, mas no sentido de dar-se uma nova chance, sem focar nos “erros” ou falhas que consideramos ter tido. Se formos olhar para erros os falhas, estaremos ressaltando o nosso senso crítico e não o criativo, impedindo-nos de dar chance ao novo, positivo e às nossas potencialidades.

 

Interessante notar que a narrativa não é algo que passa ao largo de nossa história, ela é a nossa história. A reconstrução de narrativas a partir de novas crenças permite, portanto, que nos apropriemos de nossa história, dando a ela o tom que desejamos agora.

 

Referências:

ARAÚJO, G.; PARADISO, A.; LASSANCE, M.; SARRIERA, J. Carreira e narrativa: contribuições para a intervenção. Disponível em: <http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-33902013000200005> acesso em 01.03.2017.

 

SMITH, E. The two kinds of stories we tell about ourselves. Disponível em: <http://ideas.ted.com/the-two-kinds-of-stories-we-tell-about-ourselves/?utm_campaign=social&utm_medium=referral&utm_source=facebook.com&utm_content=ideas-blog&utm_term=humanities> acesso em 01.03.2017.

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