O que os seriados têm a nos ensinar

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Ao assistir ao seriado “3%” foi possível repensar o sentido dos impactos da nossa postura frente à vida em termos da escala de resiliência que utilizo em meu trabalho.

 

Analisando a escala de resiliência

escala_resiliencia

O polo da intolerância em geral é agressivo e busca satisfazer apenas seus próprios interesses e necessidades (“revoltado”).

O polo da passividade em geral é pouco ativo e busca que seus interesses e necessidades sejam satisfeitos por outros ou não seja tão levado em consideração (“mimado”).

O polo da resiliência está disponível para o “aqui e agora”. A diferença entre os perfis que aí se encontram está na constituição da base: num deles, o amor-próprio está “garantido” (bem-resolvido), no outro, está sendo buscado e, por isso, está mais ameaçado (adaptado). Ambos, porém, estão ali dispostos para a realidade, com uma visão mais aberta e uma postura mais focada na objetividade, na ação.

ampulheta

Pensando a escala em 4 quadrantes

Formulei uma hipótese também baseada em outras análises (filme: “Eu não sou o seu guru”) e considerei a existência de quatro perfis em quatro quadrantes:

quadrantes

Podemos nos deslocar em relação ao perfil comportamental dependendo das circunstâncias do ambiente.

 

Analisando o elenco da série 3% em relação à resiliência e aos quatro quadrantes

personagens_3

Por exemplo, Ezequiel, o líder de todos, demonstrou ao longo da série que estava no 4º quadrante (era da rota) e passou ao 2º (queria continuar a ser amado pelo sistema e, por isso, colou-se a ele).

Alvarez parecia estar no 1º quadrante, mas, com as circunstâncias adversas, passa ao 4ª quadrante e, na intolerância, acaba morrendo.

Fernando parecia estar no 1º quadrante, mas com a ameaça do pai e por estar apaixonado por Michele, passa ao segundo quadrante (precisa ser amado), o que o fragiliza.

Michele passa do 3º quadrante (quero me adaptar) ao 4º quadrante e se torna uma pessoa agressiva e perigosa, mas no comando do sistema.

Joana permanece no 4º quadrante do começo ao fim, mas, a última cena a leva ao primeiro quadrante (ela passa a se amar como é).

Aline estava no quadrante 3 a todo momento, mas acabou sucumbindo ao sistema.

Rafael estava sendo ali uma farsa: passava-se por 1º quadrante (base forte), pois conhecia o funcionamento do sistema, quando, na realidade, era o 4ao quadrante (não ia se adaptar às regras e normas, iria chegar ao Maralto de qualquer jeito).

 

Mais considerações

Na prova das moedas, as pessoas que aceitaram o dinheiro em troca da continuidade do Processo passaram do 3º quadrante (quero me adaptar) ao segundo (quero continuar a ser amado pela família).

Já aqueles que passaram para o Maralto estavam normalmente no 3º quadrante (quero me adaptar), mas se tornaram intolerantes a novas verdades, com a certeza de que tinham garantido seu amor-próprio por passar pelo Processo (assim como o pai do Fernando) => aqui eles deixam de ser resilientes e passam a ser intolerantes em suas buscas.

 

O que podemos compreender

Concluímos assim que todos os perfis são passíveis de serem alterados num ambiente de alto nível de stress. As pessoas atingem aquilo que elas efetivamente resolveram acreditar e buscar: serem amadas realmente (e sair inteiras do sistema), serem amadas ou mescladas ao sistema (e irem para o Maralto) ou sucubir ao sistema (morrer durante o Processo).

No entanto, podemos concluir que mesmo que soframos de acordo com as alterações do ambiente, as respostas que apresentamos por meio de nossos comportamentos revelam-se intrinsecamente ligadas às nossas crenças mais arraigadas formadas pelos esquemas mentais desenvolvidos durante as fases de infância e adolescência e que impactam visivelmente nossos aspectos de personalidade atual.

Assim sendo, faz sentido analisarmos nossas crenças como fazemos nos processos de Coaching em Resiliência e fortalecer caminhos saudáveis para que, em momentos de viver extremos, possamos fazer escolhas mais certeiras.

 

Grande abraço. Boas festas e nos vemos em 2017!

 

Cristina Monteiro – Psicóloga, Psicopedagoga, Orientadora Profissional e de Carreira e Coach. Escritora (crônicas literárias, artigos acadêmicos e profissionais). Atende na Clínica com Psicoterapia (enfoque psicanalítico) e Coaching em Resiliência (vida e carreira), ministra palestras e treinamentos comportamentais em nome de sua empresa (Ponto de Palestras e Treinamentos). Escreve semanalmente neste blog. Acompanhe.

Contato: crifmonteiro@gmail.com

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