Inteligência Social: a arte de driblar conflitos

solucao_conflitos

Um pouco da minha trajetória

Presto cada vez mais atenção às queixas das pessoas quanto ao ambiente de trabalho. E do que trata a maioria delas? Dos problemas ocasionados pelos conflitos, pelos mal-entendidos, pelos mal-combinados, pelas exigências urgentes, pelo não reconhecimento…

Outro dia ouvi de uma pessoa conhecida um argumento curioso. Ela dizia com convicção: “O problema não é o trabalho, são as pessoas”. Aí me questionei: “Espere um pouco, existe trabalho sem pessoas?”

Ao falarmos em trabalho, já subentendemos que existe uma pessoa que solicita algo a outra que a entrega.

 

Parece simples, mas não é fácil

Porque não é fácil entregar? Quando entregamos algo, estamos na espera de alguma retribuição. Nem que a retribuição seja apenas algo do tipo: “Recebido”. Essa retribuição é um feedback que nos devolve a nós mesmos e nos faz reconhecermo-nos parte de algo maior e integrado.

Ao sermos “devolvidos pelo outro”, conseguimos nos “apropriar” da nossa entrega. A nossa entrega foi entregue, efetivamente.

Quando fazemos uma entrega no trabalho, seja de produto ou serviço, não estamos realizando algo apenas ligado à objetividade. Estamos tendo que corresponder ao desejo ou necessidade de alguém, e isso passo pelo nosso desejo ou necessidade próprios. Ou seja, estamos ali, juntos. E estamos, de fato, doando-nos nessa entrega. E nessa doação, sempre há perdas. Mesmo com o reconhecimento do nosso trabalho, as perdas que temos ao nos relacionar são irreversíveis.

 

O que está acontecendo com o trabalho?

Com o excesso de atividades e falta de foco, nem aquele que entrega está conseguindo fazer a sua entrega de modo efetivo, que dirá aquele que recebe. Temos muitos começos e recomeços, e poucos finais felizes.

Com essa escassez de retorno, desde o retorno mais básico (recebido), moderado (recebido, obrigado) até o retorno mais satisfatório (recebido, obrigado, excelente trabalho), estamos nos percebendo como cada vez menos importantes e participantes de nosso trabalho. Estamos, pelo contrário, sendo a própria “parte” do trabalho: estamos em pedaços em nossos trabalhos.

Todo esse desencontro leva ao aumento de falhas na comunicação, insatisfação no recebimento, incompreensão de si e do outro, incompletude. E com isso, emergem emoções como angústia, medo. Medo de perder o trabalho. Angústia de perder-se no trabalho. Insatisfação e aborrecimento com os clientes internos e externos. E talvez o pior dos estados: apatia: relação de “tanto faz”: tanto faz para mim (o que eu faço, quem eu sou) e para o outro (quem recebe, o que recebe e como recebe).

 

Como estão as relações no trabalho?

solucao_conflitos_2

Nesse contexto, as relações refletem o próprio ambiente de trabalho. Os focos se invertem: é mais importante destruir o outro do que compreendê-lo. E os conflitos se somam e aumentam numa espiral de desconfiança, provocação, agravamento e entrave (Albrecht). As situações deslizam e galgam estágios. Rapidamente as pessoas encontram-se fortemente envolvidas, destruindo toda a possibilidade de empatia, negociação e resolução de problemas.

 

Como sair dessa espiral de conflito?

Karl Albrecht, em sua obra Inteligência Social: A Nova Ciência do Sucesso, deixa-nos seu conselho sobre os conflitos: “Não deixe que eles surjam”.

Penso ser como uma faísca num ambiente repleto de gasolina: se acender, tudo vira fogo rapidamente. É preciso garantir que ela não aconteça. E reconhecer que as faíscas começam dentro de nós e vão aumentando gradativamente.

Querer justiça, querer ter razão, é bem diferente de querer paz. São duas pontas de espirais opostas. Após o começo, vem a continuidade. Com a continuidade, a ampliação: ampliam-se as emoções, os significados, as reações corporais e as consequências de nossas ações. E quando tudo termina, restam apenas os trapos.

 

E então, o que você vai escolher agora?

 solucao_conflitos_3

Referência:

ALBRECHT, Karl. em sua obra Inteligência Social: A Nova Ciência do Sucesso. Ed. M. Books.

 

Grande abraço,

Cristina Monteiro – Psicóloga, Psicopedagoga, Orientadora Profissional e de Carreira e Coach. Escritora (crônicas literárias, artigos acadêmicos e profissionais). Atende na Clínica com Psicoterapia (enfoque psicanalítico) e Coaching em Resiliência (vida e carreira), ministra palestras e treinamentos comportamentais em nome de sua empresa (Ponto de Palestras e Treinamentos). Escreve duas vezes por semana neste blog (segundas e quintas-feiras). Acompanhe.

Contato: crifmonteiro@gmail.com

2 Comentários


  1. Oi Cris o difícil é o como não deixar que os conflitos surjam dentro de uma empresa, mtas pessoas são treinadas em negociação para demonstrar agressividade e inibir o envolvido, complicado não reagir.

    Responder

    1. Olá Priscila! Que bom que você compreende que esta tarefa não é muito fácil. Mas ela é possível! É preciso treinar um novo olhar para tratar de divergências de opiniões e percepções de modo que o problema seja resolvido de modo mais objetivo e ético possível. O que gera conflito é o excesso de sensações desagradáveis que aparecem em nossos comportamentos e vão contagiando todo o grupo. Se conseguirmos “puxar” a situação para este outro viés, outras possibilidades emergem, as emoções (nossas e alheias) se acalmam, e as soluções aparecem. Essa estratégia é uma junção do quociente intelectual (Q.I.) com o quociente emocional (Q.E.) que resulta na Inteligência Social que o autor Karl Albrecht, que citei, propõe (parece muito com a comunicação não-violenta, de Marshal Rosemberg, que eu trabalho). Obrigada. Beijos, CrisM.

      Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *