Filme “Moonlight”: resiliência como Luz (sagrada)

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O filme “Moonlingt : Sob a  Luz do Luar”, vencedor do Oscar 2017, traz-nos várias reflexões sobre a vida. Ele aborda o sofrimento, a violência, condições de vulnerabilidade e, em algum aspecto, um espectro vívido da resiliência.

A imagem da capa do filme nos mostra um rosto cindido pela luz em que o que é iluminado é justamente a dor. Além disso, esta imagem reflete as três fases da vida do protagonista, Chiron (o bullying na infância, a crise de identidade da adolescência e o conhecimento do seu grande amor e o universo do crime e das drogas), que busca saídas para o sofrimento cotidiano. Além desse olhar, podemos pensar, com essas cisões, que algo de fato ficou em pedaços internamente, mas, que um dos pedaços pôde, finalmente, salvá-lo.

 

Resiliência nos diversos âmbitos

Na visão que adoto sobre resiliência, este fator pode ser pensado nos diversos âmbitos: eu comigo, eu com o outro, eu com o meio e eu com a vida. Em síntese, consiste em acreditar que pelo menos um desses enquadres faz com que valha a pena lutar pela vida.

 

No filme: resiliência pelo enquadre da valorização do afeto (amor)

Ao ter tido poucas, mas boas experiências na adolescência com um segundo pai e com seu namorado, Chiron conseguiu manter dentro de si uma esperança apesar do grande sofrimento em ver a mãe drogadita, em não conseguir se defender do bullying na escola e em ter frequentado uma casa de detenção ainda adolescente.

 

É possível falar aqui em resiliência?

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Podemos considerar que Chiron consegue sobreviver aos diversos desafios que a vida lhe impôs, considerando que o primeiro sentido do termo “resiliência” denota a importância de salvaguardar a sobrevivência.

Num segundo momento, podemos considerar que esta sobrevivência apesar de acontecer na fase adulta sob o arcabouço da imagem dele num traficante, ele havia resguardado dentro de si o afeto pelo amor de adolescente, o que tornou possível que ele acreditasse positivamente, em algum grau, no outro ser humano.

 

Resiliência como escolha

Ao reencontrar seu grande amor na fase adulta, ele pôde reconhecer que, apesar da vida ter levado-o desenfreadamente à busca pela sobrevivência física (como alguém que sofre os efeitos da luz que lhe toca), ele havia escolhido um lugar sagrado para aquele amor que permaneceu intocável até então. O lugar de Luz, conforme mostra a capa.

Tal escolha, junto a esse reencontro, proporcionou uma nova história para este jovem: talvez não mais cindido, mas pleno, bem como não ter mais o status de efeito, mas de causa, força propulsora de sua vida, e seu novo nome adviria do modo como ele queira se renomear neste sagrado momento.

Grande abraço,

 

Cristina Monteiro – Psicóloga, Psicopedagoga, Orientadora Profissional e de Carreira e Coach. Escritora (crônicas literárias, artigos acadêmicos e profissionais). Atende na Clínica com Psicoterapia (enfoque psicanalítico) e Coaching em Resiliência (vida e carreira), ministra palestras e treinamentos comportamentais em nome de sua empresa (Ponto de Palestras e Treinamentos). Escreve semanalmente neste blog. Acompanhe.

Contato: crifmonteiro@gmail.com

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